sábado, 30 de maio de 2009

Diplomacia russa alvo de fortes críticas na imprensa

A diplomacia russa está a ser alvo de fortes críticas na imprensa devido à sua participação no processo de entrega de Alexandra à mãe biológica.

"O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, que colaborou na devolução de Alexandra à mãe biológica, optou pela posição de patriotismo informativo. O tom das declarações dos seus funcionários é clara: não é preciso fazer da mosca um elefante. Embora fosse mais correcto dizer: fazer de um elefante uma mosca, em que se transformou a transferência da menina para a Rússia", escreve o diário Moskovski Komsomolets.

Na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia acusou órgãos de informação russos e portugueses de publicarem "artigos claramente provocatórios" sobre este caso.

"Não é importante o futuro da criança, que de facto caiu noutro mundo e que nem sequer fala russo, porque, ao que tudo indica, a mãe não falou com ela até aos seis anos. O importante é conservar a imagem de grande potência. Por isso é preciso, pelo menos por enquanto (se é possível! por favor!), não bater na criancinha em frente das câmaras. E não falar com os jornalistas com a voz embrulhada a uma mesa coberta com as nossas iguarias nacionais", ironiza o diário.

Escreve o Moskovski Komsomolets: "As nossas autoridades e órgãos de informação oficiais parecem ter desaprendido a olhar para a situação de forma simplesmente humana. Por isso, na realidade, hoje, a imagem da Rússia é salva não por funcionários indiferentes e jornalistas patrióticos, mas por pessoas simples".

O diário tem em vista a onda de simpatia para com o casal de acolhimento português na Internet russa.

O jornalista Serguei Parkhomenko foi ainda mais cáustico aos microfones da rádio Eco de Moscovo, considerando que Alexandra foi separada da família de acolhimento para "levantar em mais meio milímetro a dignidade nacional russa".

"E receio muito que estes jogos, 'Traz uma criança para a Rússia a qualquer preço' e 'Jogo da criança russa', se tornem populares entre os diplomatas e funcionários consulares russos em todo o mundo... Para o burocrata, o principal é apenas agradar às chefias. Ele não se preocupa com mais nada", sublinha o jornalista.

Os canais de televisão, incluindo o NTV, que iniciou a discussão ao mostrar as imagens de violência sobre Alexandra, deixaram de abordar este tema.

Apenas na Internet se podem encontrar posições favoráveis a Natália Zarubina, a mãe de Alexandra.

"O problema dos que exigem que a menina seja devolvida a Portugal consiste em que eles propõem criar um precedente mundial de renúncia aos direitos paternais e começar um processo universal de redistribuição das crianças segundo o princípio da eugénica", escreve Olga Sagareva no jornal electrónico "Novie Khroniki".

"Ou seja, retirar todas as crianças às mães alcoólicas associais, às mães pobres, infectadas com o vírus da SIDA em África e enviá-las para Portugal, para os tios e tias ricas. Retirar todas as crianças africanas aos países e entregá-las a Madonna e Angelina, enviá-las para os Estados Unidos, para o Pólo Norte", sublinha.

Jornal de Notícias - 30 de Maio de 2009

14 comentários:

  1. Não sei se abrir uma nova frente de guerra será benéfico para a Alexandra, a opinião pública russa está dividida, a imprensa russa tem feito muito pela menina, reconhecendo que não foram respeitados os seus sentimentos. Eu respeito o povo russo e a comunidade russa, há alguns anos tive a oportunidade de ensinar voluntariamente português a alguns russos e pude constatar a sua determinação e o seu sentido de responsabilidade. Aqueles que defendem a permanência da menina na Rússia estão a ver apenas o lado da mãe, como fez de resto o juiz, não se trata de abrir o precedente perigoso de retirar as crianças aos pais que vivem na pobreza extrema, até porque as crianças russas pobres, como as de qualquer país, que têm laços de afecto estruturantes com os seus pais, se fossem retiradas deles à força com a idade de Alexandra, sofreriam como ela. É nisso que todos temos que pensar, nos sentimentos da criança e no seu direito de ser ouvida. Talvez as autoridades russas compreendam que têm aqui uma oportunidade de mostrarem ao mundo a sua grandeza, devolvendo à criança a sua família (não são as famílias que têm direito às crianças, mas o contrário), garantindo que aprenda russo, permitindo que tenha duas nacionalidades, que possa ir à Rússia visitar a sua família biológica e que a mãe seja ajudada e que a possa visitar também. Assim, a Alexandra cresceria de forma mais equilibrada e compreenderia que se tinham esforçado para respeitar a sua integridade psíquica e o seu direito a ser ouvida.
    Maria M.

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  2. «"O problema dos que exigem que a menina seja devolvida a Portugal consiste em que eles propõem criar um precedente mundial de renúncia aos direitos paternais e começar um processo universal de redistribuição das crianças segundo o princípio da eugénica", escreve Olga Sagareva no jornal electrónico "Novie Khroniki".

    "Ou seja, retirar todas as crianças às mães alcoólicas associais, às mães pobres, infectadas com o vírus da SIDA em África e enviá-las para Portugal, para os tios e tias ricas. Retirar todas as crianças africanas aos países e entregá-las a Madonna e Angelina, enviá-las para os Estados Unidos, para o Pólo Norte", sublinha. »

    Não consigo perceber como uma pessoa que faz tão absurda comparação consegue ser jornalista! Ainda por cima está a fazer um mau jornalismo (ou a tradução foi mal feita) ao afirmar que «eles propõem criar um precedente mundial de renúncia aos direitos paternais».

    Nunca ninguém fez tal "proposta" penso que é uma apreciação da jornalista na sua pessoa, tipo jornalismo à Manuela Moura Guedes...

    Por outro lado nem se pode comparar o que esta senhora refere porque os casos não são sequer comparáveis. O cerne da questão aqui é corrigir uma coisa que foi mal feita e não criar um exemplo a ser seguido mundialmente, muito menos aplicando-o a casos completamente distintos!

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  3. Á srªdas 16h14,concordo consigo,podia mandar essa mensagem ao jornal que publicou ao kremlim e á embaixada da Rússia.

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  4. Concordo completamente com a senhora das16h14

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  5. Já leram hoje as nóticias (lusa)?Leiam fiquei esperançosa Leiam!!!!!!

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  6. Qual é o link para essa página/artigo?

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  7. Aos gestores do blog: Não costumo envolver-me em questões da justiça e o meu contributo neste blog tem acontecido por este caso me ter tocado particularmente, pelas razões que já expus e por eu ter a certeza de que, do ponto de vista humano, foi cometido um grande erro. Acredito que as pessoas que gerem este blog são idóneas. Relativamente à conta, poderiam pedir à familia de acolhimento que desse uma palavra a este blog responsabilizando-se publicamente pela gestão do dinheiro. Deste modo, seria mais fácil sensibilizar as pessoas a contribuirem.Poderão enviar as minhas mensagens para onde entenderem.

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  8. O anónimo das 16,14 fês uma apreciação muito correcta, o que se pretende é que à criança seja dado o direito a ser feliz independentemente de ficar na Rússia ou vice versa. Esta situação deveria ser a adoptada. Esperemos que as autoridades envolvidas consigam compreender e decidir em prol dos direitos da criança para ela voltar a sorrir.

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  9. Que tal se começassem a circular fotos da família de acolhimente, pais, filhos e netos, fotos do quarto da alexandra, os briquedos, da casa onde a criança viveu 4 anos? Se acharem a ideia boa, façam-na chegar ao casal, penso que seria importante passar a imagem do que foi o dia a dia da Alaxandra ém casa da família.

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  10. Claro, refiro-me a passagem das fotos na Rússia,

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  11. Sobre a sensibilização das autoridades russas e restante opinião pública russa e internacional, acho preferível divulgar, nem que seja só por audio, os pedidos da Alexandra que não queria ir ou o do 1º telefonema já na Rússia "Mãe vinde-me buscar!". Porque a questão material está desvalorizada pela Comissão governamental que foi visitar a casa da Natalia - a casa tem "condições razoáveis"...

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  12. Se ouvir registo, seria uma boa prova da vontade da Alexandra.
    Maria Ferreira

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  13. Sobre a sensibilização das autoridades russas e restante opinião pública russa e internacional acho que se houvesse possibilidade de dar a conhecer as imagens chocantes da entrega da menina e as suas palavras para com o pai afectivo" pai luta, luta não me deixes ir para a Rússia" e já agora a despedida no aeroporto.

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