sábado, 30 de maio de 2009

Alexandra: Diplomacia russa alvo de fortes críticas na imprensa

Diário de Noticias
30 Maio

Moscovo, 30 Mai (Lusa) - A diplomacia russa está a ser alvo de fortes críticas na imprensa devido à sua participação no processo de entrega de Alexandra à mãe biológica.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, que colaborou na devolução de Alexandra à mãe biológica, optou pela posição de patriotismo informativo. O tom das declarações dos seus funcionários é clara: não é preciso fazer da mosca um elefante. Embora fosse mais correcto dizer: fazer de um elefante uma mosca, em que se transformou a transferência da menina para a Rússia", escreve o diário Moskovski Komsomolets.
Na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia acusou órgãos de informação russos e portugueses de publicarem "artigos claramente provocatórios" sobre este caso.

11 comentários:

  1. O caso Alexandra é mais um entre tantos outros que ocorrem em Portugal, por haver o preconceito de que sendo os pais os responsáveis legais pelas crianças são também os seus donos. Apesar de estar provado que não são os laços biológicos que estruturam a vida da criança, mas os afectos que estabelece com as pessoas com as quais vive nos primeiros anos da sua vida, sejam ou não os pais biológicos. A Alexandra tem um núcleo familiar, a sua casa é em Barcelos e a sua língua materna é o português. Não foi ela que escolheu esta realidade, que não se pode alterar por decreto ou pela sentença de um qualquer juiz. Não reconhecer isto é uma crueldade que está à vista de todos. É por isso que também é uma crueldade retirar uma criança de um lar, mesmo que seja maltratada, se ela já tiver estabelecido com os seus maltratantes laços afectivos. Esta criança não abandonou a mãe, foi a mãe que a abandonou, e não se pode desculpar com a pobreza, porque isso não lhe serve de atenuante.
    Muito marcada com o caso da Alexandra, com o qual me identifico parcialmente, não posso deixar de contar aqui a minha experiência e espero que alguém com poder de intervenção a leia. Não gosto de falar da minha infância, mas pela Alexandra fá-lo-ia em público. Fui vítima de um pai que revejo agora na personalidade de Natália. Não era alcoólico, bebia muitas vezes e nessas alturas descarregava a sua frustração em quem estava ao seu lado. Era uma pessoa sem projecto de vida, andava sempre a mudar de trabalho, com longos períodos de inactividade, tinha um passado de sofrimento e de privações, mas mais grave do que isto, não sabia manifestar afecto. Mesmo quando estava sóbrio, dizia que eu era uma mal-educada, estragada pelos avós e pela mãe, e batia por tudo e por nada. Felizmente, tive quem cuidasse de mim, os meus avós, que no meio de uma pobreza extrema, sempre me apoiaram e a eles devo o que sou hoje. O meu pai marcou para sempre a minha vida; por vingança impediu que estudasse na altura própria, por vingança impediu que tivesse uma infância feliz. Como era muito difícil viver com ele, eu e a minha mãe vivíamos em casa dos avós (eu, sempre, e a mãe nos momentos de maior violência) e era isso que o revoltava, sabia que não tinha condições para prover o nosso sustento, mas era ele que mandava e controlava a nossa vida com crueldade. O meu avô, como o pai de Alexandra, sabia que a lei estava do lado do pai e, fazendo das tripas coração, incentivava as visitas a casa dele para me proteger, sei-o hoje, mas naquela altura não o compreendia. Só queria fechar os olhos e sair daquele pesadelo. Foi uma tortura que tive que suportar até à adolescência, com noites sem dormir e com a angústia e o pavor de me sentir desprotegida. Perdoei-o, cuidei dele quando estava às portas da morte, mas nunca pude sentir qualquer afecto, não vivi com ele nos primeiros anos da minha vida. Recebi o carinho dos avós que, tal como muitas famílias de acolhimento, cometeram erros. Muitas vezes manifestavam a revolta que sentiam à minha frente e isso ainda me causava mais sofrimento. Eu pensava; se ele não presta e se toda a gente diz que é mau, como me podem obrigar a ir visitá-lo? Era o que eu pensava todos os dias quando ia para a cama. Felizmente, tive mais sorte do que a Alexandra, nunca me arrancaram à força da casa dos meus avós! Hoje sei que viveram cada dia da minha infância com pavor de que isso acontecesse, sabendo que isso seria a minha desgraça. Amo-os, porque tiveram um projecto de vida para mim e porque sofreram muito para que eu não o perdesse de vista. Hoje sei que onde quer que estejam se sentem muito orgulhosos pelo caminho que me abriram e ensinaram a percorrer. A minha dor é a de saber que o “fim-de-semana” de Alexandra naquela casa não vai acabar! O futuro dela está marcado para sempre a ferros e aqueles que a marcaram viverão com a mágoa de não poder voltar atrás e apagar este "fim-de-semana" negro da vida da pequena Alexandra.
    Maria M.

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  2. Acrescento que a menina irá tentar esconder os seus sentimentos, tentará trancar a sua mágoa e procurará não deixar transparecer o que está a sentir, ela sente que isso a torna menos vulnerável, menos exposta e mais próxima da normalidade, foi o que eu sempre fiz, mas o sofrimento interior é inimaginável, só quem já o sentiu o pode avaliar.

    Maria M.

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  3. Não consigo enviar os comentários sem ser como anónimo, de qualquer modo estou identificada como Maria M. e estou solidária com a corrente de apoio à Alexandra, porque sei o que ela está a sentir! Mesmo que não consigamos apagar o mal que fizeram a esta menina, talvez possamos evitar que mais crianças passem o que ela está a passar.Não podemos desistir de tentar trazer este problema para o debate público, porque ele condena inúmeras crianças ao sofrimento e impede que elas tenham um projecto de vida, essencial ao seu crescimento saudável.

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  4. Se considerarem útil o meu testemunho poderão colocá-lo na página principal, talvez ele sirva para despertar algumas consciências perversas, que teimam em não querer aceitar a realidade, desrespeitando direitos fundamentais das crianças e marcando-as negativamente para toda a vida.
    Maria M.

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  5. Gostaria de olhar este juiz nos olhos e de lhe explicar, humildemente, o que sente uma criança quando é obrigada a interagir com progenitores que lhe causam sofrimento e com os quais não têm quaisquer laços de afecto parental. Ele não deve ser castigado pelo que disse, mostrou que tem sentimentos e que é humano, os juízes não devem ser desprovidos de sentimentos, são pessoas. O que está errado é a falta de coragem para se assumir que os pais biológicos têm direitos legais sobre os filhos, mas isso tem contrapartidas, que devem ser escrupulosamente respeitadas. E ao contrário do é corrente, não é verdade que é difícil detectar se os pais respeitam ou não os direitos básicos das crianças, todos as pessoas que têm intimidade com a criança sabem se ela é ou não maltratada continuamente. Não há uma cultura de responsabilização cívica, vai-se fechando os olhos, as pessoas têm medo de denunciar...Quando denunciam, apercebem-se com desalento que as medidas de protecção são tímidas e não resolvem os problemas da criança. Todos os pais erram, pobres, ricos, cultos, analfabetos, todos perdem a cabeça em alguns momentos, mas isso não tem nada a ver com o que está em jogo, em casos como o da Alexandra. A Natália é um ser humano que merece a nossa compreensão, ela própria deve sofrer muito com os seus sentimentos e acredito que tenha vontade de se redimir e que ame a filha, mas a Alexandra não pode pagar o preço de esperar anos pela remissão da sua mãe. Uma criança precisa de um ambiente estruturador nos primeiros anos da sua vida. A frase do juiz “é a mãe possível para a Alexandra” é a prova de como os direitos da menina nada contaram na avaliação feita pela justiça.
    Maria M.

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  6. Se esta mãe partisse para a Rússia sem a Alexandra sofreria mais uma provação,como ela tem voz, isso foi atendido, no caso da Alexandra, ninguém ouviu a sua voz, ninguém se importou com o seus sentimentos. Anda por aí a perigosa teoria de que as crianças a tudo se adaptam e de tudo recuperam, este erro custa a vida e o futuro a muitas crianças.
    Maria M.

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  7. Maria M,

    Identifico-me com o seu caso, não no problema que o seu pai tinha, mas na ausência de afectos que pauteava a minha família biológica.

    Tive muita sorte em ter tido quem cuidasse de mim, e ainda bem, que não foi caso de Tribunais e sem Juiz para me mandar de volta à minha família biológica. Que o digam os meus irmãos, que todos os dias me dizem: ah a sorte que tiveste!

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  8. este caso doi tanto, olhar da alexandra faz me chorar como é possivel este juiz ter dado esta criança a mae biologica nas condiçoes daquela casa da russia, uma mae sem emprego sem nada para dar alexandra ...o lar de barcelos nao lhe faltava nada a começar no amor e carinho e acaber no amor e carinho.diz-se sempre k mae é mae e mais nenhuma.mas uma mae k abondona ja nao é mae nem perdao tem.pk nos mae ja amomus os nossos filhos dentro da nossa barriga.mas florinda ama a filha quando a viu no primeiro dia e sentiu amor por ela como se fosse dela.portugal povo vamos ajudar a menina a sair da russia a vir para abeira da sua familia.k filha da puta de injustiça

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  9. Temos que continuar a insistir no regresso da Natália e da Alexandra, mas cuidado com os apoios financeiros, caso contrário a Alexandra torna-se na galinha dos ovos d´ouro daquela família, e nunca mais a largam. A Natália exige condições para um possível regresso, mas também tem de aceitar condições que defendam a Alexandra. Aproveito para pedir ao José Milhazes, para não desistir de tentar convencer a Natália que regressar a Portugal é o melhor para as duas.

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  10. ja mandei mail, para afundação do luis figo, não consigo enviar para o cristiano nem para o baia

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  11. Please if it possible make this blog in english, so that people all over the world were able to read it and sigh the petition! We want to help you!!!
    Thank you....

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